Era uma vez, em uma pequena e tranquila aldeia cercada por montanhas e florestas, a vida era simples e pacífica. Os aldeões eram pessoas trabalhadoras. Cultivavam a terra, criavam animais e, à noite, reuniam-se na praça principal para compartilhar os acontecimentos do dia.
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Certa manhã, um pescador chamado Manuel, que vivia na beira da floresta, correu para a praça da aldeia em desespero. Seu filho, o pequeno Tiago, não havia voltado para casa na noite anterior do riacho onde sempre brincava. Os vizinhos quiseram ajudar imediatamente e procuraram juntos pela floresta, mas foi em vão – o menino desaparecera sem deixar rastros. O pânico espalhou-se pela aldeia. No dia seguinte, outra família passou pelo mesmo horror quando sua filha, Clara, desapareceu enquanto brincava no campo atrás de sua casa. Os desaparecimentos gradualmente tornaram-se um acontecimento diário.

Os aldeões não conseguiam entender o que estava acontecendo. Ninguém tinha ouvido sons estranhos nem visto estranhos na região. Parecia que alguma força invisível havia levado as crianças. As mães choravam todos os dias, enquanto os homens se reuniam para decidir o que fazer.
Com o tempo, começou a espalhar-se um rumor: um dragão maligno que vivia nas profundezas da floresta poderia estar por trás de tudo. Os anciãos conheciam essa criatura a partir de velhas histórias. Dizia-se que ela havia aterrorizado a região séculos atrás, antes de desaparecer da vista. Agora, parecia que tinha retornado para trazer medo novamente à aldeia.

Os líderes da aldeia decidiram pedir ajuda ao rei. Uma pequena delegação partiu para o palácio para relatar o ocorrido. O rei, conhecido por seu senso de justiça, levou a notícia a sério. – Um dragão! Um monstro assim não pode ficar impune no meu reino! – declarou ele, e anunciou: – Quem derrotar o dragão e trouxer as crianças de volta será recompensado com um grande saco de ouro!

Muitos cavaleiros valentes apareceram, vestidos com armaduras completas, até mesmo vindos de terras distantes, e seu número parecia quase infinito. Seguindo o rastro do dragão, todos se aventuraram na floresta, mas o caminho era perigoso e imprevisível. Alguns se perderam perto da borda da floresta, enquanto outros, indo mais fundo, ouviram sons estranhos e assustadores que os encheram de medo. Depois de um tempo, os cavaleiros começaram a se voltar uns contra os outros.
– Por que você está indo por este caminho? Este é o meu território! – gritou um. – A recompensa do rei é minha! Volte, ou terá que me enfrentar! – respondeu outro.

Por causa de sua ganância e constantes disputas, muitos nem sequer chegaram ao dragão. Aqueles que o enfrentaram claramente subestimaram seu poder. O fogo do dragão ardia mais quente do que qualquer coisa que já tinham visto, e suas asas criavam tempestades a cada movimento. Nenhum guerreiro se mostrou digno de derrotá-lo.
Os aldeões continuavam a ter esperança, mas ficava cada vez mais claro que ninguém conseguia vencer o dragão. Os corações das mães e dos pais ficaram pesados enquanto começavam a temer que talvez nunca mais veriam seus filhos.

No entanto, havia uma pessoa, o simples carpinteiro Joãozinho, que observava os acontecimentos em silêncio. Embora não fosse um guerreiro e ninguém mencionasse seu nome entre os cavaleiros, Joãozinho decidiu que também faria algo. Enquanto estava sentado em sua oficina, lembrou-se de uma história que seu bisavô costumava contar-lhe ao lado da fogueira quando era criança. Seu bisavô falava de uma árvore caída muito especial. Esta árvore já havia sido um carvalho forte e majestoso, mas durante uma terrível tempestade, um raio a atingiu, arrancando-a pelas raízes e lançando-a ao chão da floresta. Embora seu tronco estivesse despedaçado e todos pensassem que ela havia morrido, de alguma forma inexplicável, a árvore permaneceu viva.
Novos brotos cresceram do tronco, como se o poder da própria terra o sustentasse. Segundo as lendas, esta árvore tinha uma conexão única com a natureza, e seus galhos possuíam um poder extraordinário. Uma história falava de um lenhador que havia criado um instrumento musical com um desses galhos, um instrumento que, segundo diziam, possuía propriedades mágicas. Infelizmente, Joãozinho não conseguia se lembrar dos detalhes, mas ficou cada vez mais imerso em suas memórias. Será que essa árvore ainda existia? E, se existisse, poderia ajudá-lo a derrotar o dragão?

Na manhã seguinte, Joãozinho começou a procurar entre os velhos pertences que havia herdado de seu bisavô. Em um baú empoeirado, encontrou vários papéis amarelados. Entre eles, havia um mapa desenhado à mão que levava ao fundo da floresta, a uma clareira onde a árvore caída estava. O mapa incluía uma nota escrita por seu bisavô:
“Os galhos caem apenas durante a lua cheia!”

Joãozinho percebeu que a próxima lua cheia estava se aproximando rapidamente. Sem hesitar, decidiu procurar a árvore.
Sob o luar da noite, Joãozinho partiu para a floresta, segurando firmemente o mapa em sua mão. A floresta estava silenciosa, e as sombras das árvores projetavam formas assustadoras pelo caminho. O mapa o levou cada vez mais fundo na floresta, até que finalmente chegou a uma clareira. No centro da clareira estava a árvore caída. Seu tronco maciço repousava no chão, mas dele brotavam novos galhos verdes vibrantes, como se o tempo não tivesse efeito sobre ela. Os novos galhos brilhavam levemente sob a luz da lua.
Quando o relógio marcou a meia-noite, a árvore começou a tremer levemente. Um som suave de estalo ecoou, e um único galho caiu no chão. Joãozinho o pegou com cuidado. O galho era leve, mas sólido, e seu material parecia estranhamente forte e incomum.

Ele levou o galho de volta à sua oficina e começou a trabalhar nele. Com grande cuidado e precisão, começou a esculpi-lo, prestando atenção a cada movimento. Ele criou uma flauta a partir dele—um instrumento musical incomparável em beleza e refinamento. Quando ficou pronta e ele a tocou pela primeira vez, o som da flauta foi extraordinário. Parecia trazer à vida a própria floresta. O sussurro do vento, o murmúrio de um riacho e uma melodia inexplicável se misturavam, um som que palavras não podiam descrever.

Joãozinho sentiu que esta flauta tinha um significado imenso. Ele confiava que, com este instrumento, poderia enfrentar o dragão e resgatar as crianças.
Na manhã seguinte, ao amanhecer, Joãozinho partiu com a flauta mágica na mão. Ele sabia que a caverna do dragão ficava no coração profundo da floresta, onde o dossel era tão espesso que a luz do sol não conseguia penetrar, um lugar que os aldeões não ousavam explorar. Em sua oficina, preparou uma bolsa simples, enchendo-a com água, um pouco de pão e o mapa. Segurando a flauta perto de si, começou sua jornada.
Enquanto Joãozinho se aventurava mais fundo na floresta, os sons familiares do canto dos pássaros foram substituídos por ruídos estranhos e distantes: rangidos, sussurros suaves, como se viessem do próprio chão. De vez em quando, o cheiro sulfuroso do hálito do dragão atravessava as árvores densas, deixando claro que ele estava se aproximando.

Finalmente, Joãozinho chegou à parte mais sombria da floresta. Diante dele ergueu-se um penhasco maciço, na base do qual estava uma entrada de caverna gigante e arqueada. Ar quente soprava da caverna, trazendo consigo o inconfundível cheiro de enxofre. O chão ao redor da entrada estava marcado por enormes garras, e aqui e ali, troncos de árvores carbonizados estavam espalhados como relíquias esquecidas.
Joãozinho entrou cautelosamente na escuridão da caverna. À medida que avançava mais para dentro, o espaço foi se alargando gradualmente até que ele se encontrou em uma vasta caverna. No centro dela estava o dragão, cujas escamas brilhavam à luz trêmula do fogo da caverna, como se fossem feitas de metal e pedras preciosas.
O dragão estava imóvel, mas Joãozinho podia sentir seu olhar sobre ele. Um dos olhos do dragão se abriu ligeiramente, e seu olhar penetrante se fixou no garoto.
– O que você está fazendo aqui, mortal?! – rosnou o dragão, sua voz profunda e rouca ecoando por toda a caverna.
Joãozinho não disse nada. Segurou a flauta com força e, com as mãos trêmulas, a levou aos lábios. Ele sabia que não havia como voltar atrás.

Joãozinho tocou a flauta, e a música não era apenas bela, mas também carregava uma energia estranha e poderosa, como se desse vida a toda a caverna. O dragão ficou furioso, abriu suas enormes asas e encheu a caverna com um rugido profundo e trovejante. No entanto, a música não parou. À medida que a melodia continuava, os movimentos do dragão ficaram mais lentos. Finalmente, a grande criatura desabou no chão da caverna, fechando os olhos lentamente. A música o havia embalado até o sono.

Joãozinho aventurou-se cautelosamente mais fundo na caverna. O ar estava denso com o forte cheiro de enxofre, mas ele não lhe deu atenção—seu único objetivo era encontrar as crianças.
Ele não precisou procurar por muito tempo. No fundo da caverna estava uma enorme jaula de ferro, e dentro estavam as crianças da vila, amontoadas juntas. O medo estava estampado em seus rostos, e algumas observavam ansiosamente por trás das grades, tentando ver o que estava acontecendo.

Quando avistaram Joãozinho, suas expressões se iluminaram com alívio e alegria.
Ele se aproximou e sussurrou suavemente: “Estou aqui para levar vocês para casa!”
A jaula estava trancada com um grande cadeado. Joãozinho olhou ao redor e avistou uma chave enferrujada sobre uma pedra perto da jaula. Parecia que o dragão simplesmente a tinha deixado lá.
Joãozinho pegou a chave e pausou por um momento para olhar para trás, certificando-se de que o dragão ainda estava dormindo. Em seguida, inseriu a chave no cadeado e a girou. O cadeado se abriu com um leve clique.
– Rápido, saiam! – sussurrou para as crianças enquanto abria a porta da jaula. Uma a uma, as crianças saíram, tremendo, mas ilesas.

Joãozinho fez sinal para que o seguissem. – Fiquem em silêncio e perto de mim! – disse ele em um tom suave, mas firme. As crianças formaram uma fila atrás dele enquanto seguiam em direção à entrada da caverna, cada passo acompanhado por olhares nervosos para o dragão adormecido.
Finalmente, eles chegaram à entrada da caverna. Joãozinho virou-se para as crianças e disse: – Agora vou levar vocês de volta para a aldeia! – Ele os guiou pelos caminhos da floresta, voltando para casa com as crianças resgatadas em segurança.
Quando Joãozinho voltou à aldeia com as crianças, os pais os receberam com alegria e lágrimas. As mães abraçaram seus filhos com força, e toda a aldeia comemorou.
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– Joãozinho, você salvou nossos filhos! – exclamaram, cercando-o.
Na praça da aldeia, começou uma celebração improvisada, onde todos expressaram sua gratidão ao humilde carpinteiro.
Logo, um mensageiro do rei chegou e entregou a Joãozinho um grande saco de ouro. – Esta é a recompensa do rei por sua coragem e por resgatar as crianças.
Joãozinho aceitou a recompensa e se virou para os aldeões. – Dou este ouro a vocês para que as crianças tenham comida, roupas e nunca mais precisem sofrer.
O ouro foi distribuído entre os pais, e a aldeia voltou a se encher de risos. Joãozinho retornou à sua oficina para continuar fabricando brinquedos e móveis, como sempre fez. Ele não buscava fama nem glória.
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No entanto, as pessoas nunca esqueceram o que ele fez por elas. A história de Joãozinho foi passada de geração em geração, e a aldeia sempre se lembraria do carpinteiro que salvou seus filhos.